quarta-feira, 21 de novembro de 2012

No sacramento da reconciliação somos libertos!


Evangelho de São João.

19. Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco!
20. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.
21. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.
22. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.

Quando me deparei com esta leitura algo me saltou aos olhos:Os discípulos amedrontados, escondidos, refugiando-se num lugar isolado e provavelmente se perguntando o que de fato havia acontecido. Deviam estar muito confusos. Como poderia ser, a mesma multidão que acompanhava Jesus e recebia DEle curas e libertações, como poderiam ter condenado Jesus à cruz?
Como puderam abandoná-lo?
Então em meio a pensamentos confusos deram conta de que ELES também o tinham abandonado, um fugiu nu, outros sumiram dentre as árvores ao ver a quantidade de soldados que vieram buscá-lo.
Outro ainda "corajosamente" decepou a orelha de Malco, um dos soldados, mas, depois quando indagado se era seu discípulo, negou até com juramentos.
É nesta hora que conheceram então um advogado de acusação pior que o próprio demônio: SUAS CONSCIÊNCIAS.
Sim, o demônio não pode saber oque se encontra em nossos pensamentos, mas diante de nossa consciência somos impotentes, pois nada lhe é oculto.
Experimentaram um sentimento de impotência e indignidade, devem ter se sentido como muitas vezes nos sentimos: " A doença, da mosca, do estrume, do cavalo do bandido."
A dor e a acusação devia lhes circular pelos pensamentos e por todo seu coração.
Um sentimento de culpa e ódio contra a comunidade e contra si mesmos era o que predominava.,
Aqueles que acompanharam e receberam o AMOR encarnado agora não tinham mais lembrança de tudo que viveram juntos.
Quando essa realidade se faz presente em nossa vida, a primeira coisa que nos esquecemos é o amor sentido e que precisa ser repartido, os melhores sentimentos ficam como que fechados em uma concha.
Até que Jesus adentra o lugar que se encontravam ocultos em si mesmos e lhes dá a paz.
Sem paz é impossível que reorganizemos qualquer coisa em nossa vida. Sabe quando você quer ler um livro mas não consegue assimilar seu conteúdo porque o lugar que se encontra está tomado por barulho e confusão?
Da mesma forma é impossível que assimilemos e absorvamos qualquer informação na confusão. Uma saída que está bem diante de nós passa desapercebida. Palavras dirigidas são interpretadas de forma totalmente equivocadas.
Da mesma forma quando pecamos tudo se torna confuzo e buscamos razões para justificar nosso erro, pois para nós e para nossa consciência é inconcebível que tenhamos errado, assim se vão passando desapercebidos (como a palavra CONFUSO escrita com Z neste parágrafo) muitos outros pecados que são apoiados numa pseudo-justificativa.
A paz dada por Jesus naquele momento, faz com que as coisas se tornem mais claras aos nossos olhos, uma paz acompanhada da capacidade de perdoarmo-nos antes de seguir adiante. Sendo pois, primeiramente perdoados, conseguimos compreender que nossa condição de pecadores não pode ser uma desculpa para permanecer no pecado, mas deve ser um trampolim que nos arremessa nas águas do Espírito Santo para sermos fortalecidos no caminho de santidade.
A paz dada e o sopro do Espírito Santo sobre cada um de nós, tira de nós o medo, nos insere novamente no meio do povo de Deus, tira-nos da concha e cheio de coragem anunciamos a salvação.
A paz nos capacitou a perdoarmo-nos e assim também nos capacita à perdoar a comunidade.
A Igreja sabiamente ao consultar as escrituras sagradas resgatou um costume até então esquecido, a apresentação das ofertas expiatórias. No Antigo Testamento, os hebreus através dos sacerdotes ofereciam animais para expiação dos pecados de sua familia.
Como Jesus Cristo é a vítima perfeita para expiação dos pecados de toda humanidade não se oferecem mais animais, apenas se oferece um coração arrependido e desejoso de perdão e misericórdia, a auto-acusação nos serve de gesto concreto desse arrependimento.
O desejo de Deus não é nos humilhar, mas sim nos salvar dos laços do inferno ocultos em cada pecado cometido.
O confessionário é como um tribunal, onde nosso advogado é o mesmo soprado sobre os discípulos, o ESPÍRITO SANTO, Ele será nosso defensor. A lei a ser aplicada é a lei da salvação alcançada na cruz.
a palavra diz que todas as nossas enfermidades e iniquidades foram revogadas pelo sangue de Cristo na cruz.
Sendo assim, quando nos ajoelhamos nos confessionário e nos declaramos culpados, o Espírito Santo clama que seja aplicada sobre nós a Lei da Salvação, e assim como um juiz é instrumento do estado para aplicação da lei por sua sentença, o Sacerdote declara a sentença do perdão dos pecados sobre cada filho de Deus ali ajoelhado.
A penitência é mais um gesto concreto que fazemos para mostrar nossa gratidão e alegria por termos reatado nossa amizade com nosso Deus.
A mais cruel pena do pecado sobre nós é justamente esta perda da amizade com Deus, que o sacramento da reconciliação nos readquire.

CATECISMO. 1468 Os efeitos deste sacramento "Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade." Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento é a reconciliação com Deus. Os que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa "podem usufruir a paz e a tranquilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual". Com efeito, o sacramento da Reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira "ressurreição espiritual", uma restituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus.

Paz, graça e unção da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.