terça-feira, 2 de agosto de 2011
Cientista dos infernos...
Estive visitando o facebook de um amigo meu e ele postou um comentário aprovando o artigo onde a Igreja se posiciona não contrária ao evolucionismo.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,nao-existe-contraposicao-entre-fe-e-evolucionismo-diz-igreja,242754,0.htm
Então me comprometi a fazer um reflexão sobre o assunto.
Quero reiterar que não sou Teólogo, Filosofo, Exegeta, Apologeta ou graduado em nenhum tipo de Faculdade. O que proponho neste artigo e baseado na visão de um leigo que ama sua religião e acredita na capacidade do homem de se descobrir e nesta descoberta enxergar a Deus que caminha conosco desde sempre.
Quando no Genesis o autor sagrado escreve que Deus formou o homem do barro ele não se preocupou em dizer qual era a aparência deste homem criado, mas sim que ele foi gerado por Deus, e que foi gerado da terra.
Não fala que os sete dias da criação tiveram 24 horas cada, mas que tudo foi criado dentro de uma sequência, onde primeiro a terra foi formada, depois as vegetações, animais e por fim o homem.
Quando falamos de religião, falamos de espiritualidade, do homem em sua essência, do que nos difere dos demais animais, então chamados irracionais.
E dentro deste pensamento de criação vindo de Deus contemplamos uma característica do homem como dádiva divina, o livre arbítrio que nos garante total liberdade de decisão e de optar por qualquer coisa em nossa vida.
Neste caminhar muitos religiosos tomaram a decisão de se fechar em seus conhecimentos e autointitulares mestres e alguns até se acharem como semi-deuses. Então começaram a ver na ciência uma inimiga, porque vinham desvendar alguns segredos guardados a sete chaves.
Muitos pregavam que o demônio estava em todo lugar, um epilético era dado como endemoninhado, uma febre era um demônio, e coisas do tipo. Com a evolução da medicina muitas realidades vieram a tona e destronaram alguns "donos da verdade".
Em contra-partida alguns pesquisadores e cientistas também fizeram um levante e atiraram no lixo tudo que se referia à Deus.
Por conta dos exagerados atiraram no lixo todas as maçãs boas. Negam veementemente a existência de Deus e de milagres.
Quando a medicina não tinha conhecimento sobre a epilepsia e alguém tomado de fé pedia a cura e ela acontecia, não importa se hoje a ciência pode explicar, na época o fato acontecido foi um milagre autêntico, pois tecnologia não existia, conhecimento menos ainda.
É como hoje uma pessoa declarada morta voltar a viver, ninguém pode contestar que seja por milagre. Se porventura em tempos futuros a ciência descobrir uma forma disso acontecer, então o milagre passa a acontecer de duas formas: uma ordinária,ou seja, através de uma ordem comum e humana, outra extraordinária: quando acontece sem o uso de métodos humanos por pura intervenção divina.
A realidade é que, a Igreja Católica, diferentemente de muitas outras, evoluiu com o passar do tempo.
Hoje a Igreja não leva mais cientistas à forca, não existem mais tribunais que condenam à morte um cientista.
Ainda existe e sempre existirá uma cautela muito grande a respeito de alguns experimentos científicos.
Até nisto a Igreja mostra sua seriedade e honestidade. No que tange a assuntos de moral e doutrina a Igreja não fica brincando de acreditar ou tomando atitudes e posições populistas.
Criar fetos em laboratório para uso na medicina jamais será aceito, pois o conceito de ser humano vivo já foi exaustivamente debatido e todos os argumentos exauridos. Para a Igreja é no mínimo imoral matar um ser humano para salvar outro. O próprio Jesus não foi enviado para morrer, mas sim para redimir a humanidade, assim como tantos outros mártires, católicos ou não, que foram até as últimas consequências, morrendo para que seu objetivo fosse alcançado. Mas quem os matou não foi Deus.
Outro exemplo é o caso de união entre homossexuais, a Igreja jamais realizará um casamento religioso ou apoiará, pois vai contra a natureza e contra a doutrina.
Mas, a Igreja fala em alto e bom som para quem quiser ouvir que nenhum ser humano deve ser perseguido, ridicularizado, não deve sofrer nenhum tipo de violência física ou intelectual, nenhum tipo de preconceito por sua religião, raça ou opção sexual.
A Igreja declara publicamente sua fé e tradição, mas respeita o livre arbítrio de cada um.
Tenho certeza que fé e ciência são sustentáculos legítimos da humanidade.
Tenho também certeza que muitas coisas que a fé não explica a ciência bem o faz, e muitas coisas que a ciência não explica a fé bem o faz também.
Que cada um possa fazer sua reflexão e crescer na fé e no conhecimento.
Paz, graça e unção da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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O comentário a seguir está focado no tema da reportagem do Estadão linkada na postagem, o pseudoconflito entre Evolução e os mitos cosmogônicos.
ResponderExcluirEspero que esse, talvez, mal-entendito histórico entre algumas religiões com a ciência moderna acabe mais rápido, no que tange à Teoria Evolutiva, do que foi com o Teoria Helioestática e custou tão caro a Galileu. Hoje é simples compreendermos que é mais simples ver a Terra circundando o Sol, mesmo que nossos sentidos apontem o contrário. Essa nova cosmovisão não destruiu a religião, como se apregoava em meados do séc. XIV e XV.
Quando eu ainda era um teísta (nunca tive uma, digamos, religião "oficial"), que foi até mais ou menos a 8a série e 1o ano do 2o grau, tudo já estava muito claro para mim. Os escritos sagrados, de quaisquer religiões (Torá, Bíblia, Manus, Corão) não eram descrições literais do mundo físico. E nem tinham pretenção de sê-lo.
Parece que aí reside o problema para algumas denominações religiosas, ao meu ver crescentes, se não em número, em influência. Isso é perigoso, cheira a Inquisição, e penso ser muito arriscado tudo isso.
Mas fico feliz e meu otimismo aumenta quando vejo a Igreja Católica e alguns protestantes clássicos, com a Igreja Anglicana, pronunciando-se com essa visão sofisiticada acerca da Teoria Evolutiva. Acho inclusive uma posição louvável. Mostram-se religiões vivas, dinâmicas e integradas com o este desenvolvimento intelecutal humana coletivo que é a Ciência, e não religiões mortas, petrificadas, fossilizadas. Acredito profundamente que esse aspecto deve ser explorado mais, pois além de combater aquilo que chamamos de fundamentalismo ou extremismo religioso, fomenta o enriquecemento nossa concepção do Cosmos, uma faculdade humana ao meu ver tão bela como as artes, acessível a todos, concepção cósmica esta que não tem porque não coexistir em teístas ou ateístas.
Como ateu "assumidaço" (risos), sou insuspeito em dizer que apreciar o Universo revelado pela Ciência não tem nada a ver com falta de crença. Essa percepção falta para algumas vertentes religiosas, obscurantistas. E fico feliz em saber a maior delas não se enquadra o caso.
Para concluir, cito um trecho que gosto muito, do antropólogo e mitologista Joseph Campbell escrito na obra "E por falar em mitos": "Há apenas dois modos de interpretar erroneamente um mito, e nossa civilização usou os dois. Um deles é pensar que o mito se refere a um fato geográfico ou hitórico(...). O outro modo é achar que o mito se refere a um fato sobrenatural, ou a um evento real, que vai acontecer no futuro(...). Toda a nossa tradição religiosa se baseia nesses dois equívocos (...). É uma terrível tragédia. Esses equívocos de nosso mito nos fizeram perder o vocabulário do espírito."